Eu quero ver gol

3 de agosto de 2014

Eu quero ver gol.  Eu quero ver gol. Não precisa ser de placa. Eu quero ver gol.

Não é só o Rappa. Mas todo torcedor do planeta bola deseja apaixonadamente ver o “gol – o grande momento do futebol”. Com o perdão de goleiros e zagueiros, mas sem gols não dá. O gol é aquele momento mágico onde jogadores explodem em caretas, gritos e dancinhas escrotas. É o momento em que o fôlego dos narradores chega ao limite.  É a hora de zombar o torcedor adversário. De soltar um palavrão ou, de tanta felicidade, abraçar uma pessoa que você jamais viu.

No mundo todo é assim. Mas, apesar da explosão do soccer nos EUA, os norte-americanos ainda não estão acostumados com esportes onde o placar é pouco movimentado. Nosso futebol tem score muito baixo e uma partida pode lotar um estádio com mais de 100 mil pessoas e terminar num fatídico 0x0.  É como ir numa ópera e não ouvir uma só canção. Em nenhum outro esporte uma partida termina como começa.

Surge então uma boa ideia. Na última edição da Emirates Cup – um torneio não oficial de pré-temporada disputado em Londres, na Inglaterra - a média de gols foi de 3,75 por partida. Todos os jogos com lotação máxima. Nenhum zero a zero. Jogos emocionantes. Público satisfeito e feliz.

Uma simples alteração no regulamento do torneio desmontou os esquemas excessivamente defensivos. Além dos 3 pontos por vitória e 1 por empate, cada gol marcado também vale 1 ponto. Com isso, não basta vencer. Tem vencer e golear. Pode-se somar mais pontos com o número de gols do que pela própria vitória em si. Na partida Arsenal 5 X 1 Benfica, a equipe londrina contabilizou 8 pontos. Seis gols num jogo. Um espetáculo para o torcedor.

Por outro lado, Brasileirão 2014 chega à sua 13ª rodada e a média de gols é de 2,17 por partida. Muitos jogos terminam com placar inalterado. Nesse caso, as duas equipes não deveriam pontuar. Ademais, as equipes que geralmente fazem um ou dois gols de frente recuam seus jogadores e passam a explorar o jogo de contrataques. As partidas ficam truncadas e chatas de assistir.

A comparação, é claro, não considera outros fatores. Uma simples mudança no regulamento não garantirá o aumento do score nas partidas do Brasil ou em qualquer lugar do mundo. O nível técnico dos campeonatos comparados é abissal. Mas não precisa ser de placa, a gente quer ver é gol.

OS CINCO CHOQUES DE REALIDADE PÓS-COPA

20 de julho de 2014


Que o futebol brasileiro vai de mal a pior todo mundo sabe. Mas o pós-Copa faz os problemas do Campeonato Brasileiro ficarem ainda mais gritantes.

1 – BAIXÍSSIMO NÍVEL TÉCNICO. Vai me dizer que você assiste a jogos de times que você não torce? Não, porque os jogos são ruins e com muitos passes errados, chutões da defesa para o ataque e finalizações para fora do gol. Praticamente todos os gramados da Série A foram utilizados por seleções da Copa e estão em perfeito estado. Não tem desculpa. No mais, o único time que joga tocando a bola é o Cruzeiro e por isso é favorito a ser campeão de novo.

2 – JOGO LENTO E TRAVADO. Os jogos do Brasileirão são treinos e dão sono. Parece videogame quando se vai ao menu “velocidade” e diminui três estrelas. Além disso, no Brasileirão, parece ser absolutamente proibido ter contato físico com o adversário. É vergonhoso o número de faltas marcadas pelos árbitros. Irrita o torcedor e o telespectador que pagou caro pra ver bola rolando. O resultado é a baixa média de gols por jogo.

3 – OS ATLETAS DE ANTICRISTO. Fala-se muito em crise de valores e renovação do entendimento. Entre os assuntos do momento nas redes sociais, lei da "Ficha Limpa", movimento anticorrupção, vídeos com compilações de fair play mundo a fora são os mais recorrentes. Mas em campo a escrotice moral segue galopante. Na última quarta-feira (16), o experiente Paulo Baier do Criciúma simulou um pênalti tão ridículo que a vergonha de ser brasileiro foi maior do que no dia do fatídico revés de 7x1 da seleção brasileira contra a Alemanha. Não satisfeito, Paulo Baier ainda sugeriu ao seu goleiro que caísse para retardar o jogo. Na mesma rodada, o atacante Gabriel do Santos desafiou as leis da física ao ser derrubado na área pelo vento. E sabe o que esses caras falam nas entrevistas depois jogo com a mão na orelha? “aaah... graças a deus (“d” minúsculo por minha conta) consegui cavar o pênalti e ajudei o grupo a sair com o resultado positivo”. Péssimos exemplos para as crianças. Deveriam ser punidos tal como foi uruguaio Suárez na Copa do Mundo.

4 – ESTÁDIOS VAZIOS E SEM VIDA. Espetáculo ruim para ingressos caros. Não tem paixão que sustente esse amor. Os programas de sócio-torcedor não deslancham. Com isso, a porcentagem de assentos ocupados dificilmente ultrapassa os 50%. E, pra piorar, após a Copa do Mundo, as arenas padrão FIFA ficaram meio cinza e sem vida. Tiraram os papéis de parede e outros acessórios e nossos estádios ficaram muito sisudos. Nem música há nos estádios. Ah que saudade do “ÔÊAAH”!

5 – A PÉSSIMA TRANSMISSÃO DOS JOGOS. Nossos cartolas não sabem vender o produto, isso é fato. Pra quem estava acostumado com as tomadas de câmera mais abertas durante a Copa do Mundo agora tem que se contentar com um close tão fechado que parece novela. Acho que é intencional para esconder a falta de compactação das equipes. Se um lateral cruza uma bola fica difícil saber quantos atacantes tem na área. Os jogos nem sempre começam na hora anunciada. Dificilmente as duas equipes entram juntas a campo com a arbitragem. Em alguns estádios há a obrigatoriedade de execução do Hino Nacional Brasileiro, em outros não. Uma confusão. Também não existe um layout oficial do campeonato nos uniformes dos jogadores e nos caracteres de transmissão pela TV.

No domingo, amigo, eu volto...

12 de dezembro de 2012


Com o Coringão no Japão as minhas expectativas aumentaram. Sonhamos muito até chegar aqui e agora temos uma responsabilidade muito grande. Como força do hábito lulista, "nunca antes na história desse país" se viu uma torcida de 15 mil pessoas acompanhar a ida de um time para um campeonato. 15 mil pessoas, ressalto. Não bastasse isso, o Corinthians ainda tem a audácia de possuir cerca de 20 mil torcedores filiados à Gaviões da Fiel no Japão, feito esse digno do maior do mundo.

A foto acima ilustra nosso sheik, Emerson Sheik treinando na terra do Sol nascente, se preparando para a partida que aconteceria no dia de hoje. Mas, infelizmente, ele não brilhou. Quem brilhou, para nossa alegria, foi Paolo Guerreiro. Fiquei pensando: com certeza seria o Guerrero, porque com um primeiro nome que alude à maior cidade da América Latina, e com um sobrenome que diz respeito à sua postura de guerra dentro de campo, sempre sisudo e despossuindo medo, desconhecendo-o. Sheik jogou em uma posição um tanto quanto diferente da habitual, acompanhando as laterais e esquecendo-se de atacar. Tanto é que a posse de bola foi de 50% para cada lado. E olha que o coração quase parava...

Mas o importante é o seguinte, bando de loucos: o Corinthians saiu vitorioso, balançou a rede e garantiu seu lugar na final do campeonato. Gol de cabeça de Paolo Guerrero, o guerreiro do campo, o guerreiro peruano que não temeu ao peso faraônico de seu adversário. Agora é se preparar para jogar contra: a) los rayados, ou b) the blues. Venha o que vier, seja o que quiser, no domingo, amigo, eu volto, pra comentaaaaar... no domingo eu volto pra comemorar...

No caminho incerto: Copa do Mundo e uma singela denúncia ao MDS

4 de outubro de 2012




Copa do Mundo é sinônimo de festejo. É equânime a esta palavra. Em todo festa que se preze, faz-se a mesa, realiza-se uma organização baseada em toda a temática, prepara-se o buffet, a entrada, a saída, o acesso, o horário, dentre tantas e tantas outras coisas para que a festa possa ser feita de modo a atender toda a demanda e, também, toda a expectativa.
Salientando o fato de o Brasil ter tido uma candidatura única para a realização da copa de 2014, faço minhas as palavras de Juca Kfouri:

“o que é uma Copa do Mundo? Uma Copa do Mundo é um grande anúncio de um país. Um anúncio que leva um mês. Qual o risco que você corre? Fazer um mau anúncio... então tratemos de fazer um bom anúncio.”

O anúncio da Copa do Mundo no Brasil ainda não tem substância, não possui um aspecto positivo o qual possa viabilizar a crença de que a democracia brasileira usufrui de uma qualidade inefável, uma vez que estamos falando de 12 novos estádios os quais possuem (sim, possuem) um caráter de aparelhamento estatal quando pensados os recursos destinados para a construção e consolidação destes estádios. Essa não é uma denúncia fria, é invariavelmente um axioma.

O futebol no Brasil é o esporte mais popularizado e isso não é por intermédio de uma cultura futebolística intrínseca a nossa população, ao nosso povo: é uma questão antes econômica. Junta-se um grupo, elabora-se as traves e, caso não haja bola, inventamos um jeito, do nosso jeito. E por vezes enrolamos meias, jornais velhos, entre tantas outras possibilidades de construção de uma esfera que sirva para ser chutada. E a diversão acontece.

É com esse mesmo jeito que fabricamos nossas bolas de meia que estamos levando a direção desta festa que será a Copa do Mundo. Estádios que, de forma absolutamente clara, se transformarão em mastodontes brancos, em baleias azul-brancas. E as cidades brasileiras que, parafraseando Veríssimo em Incidente em Antares, serão transformadas após a Copa em “arraiais de miséria e esperança”. A construção do Brasil explica o sucateamento que podemos esperar para a Copa: para onde vocês acham que vão os moradores de rua, os usuários de crack, as manifestações de ordem social, no período da Copa?

Gostaria de salientar algo neste texto, que talvez não seja nada de novo, mas algo que mostra a ebriedade brasileira em relação à Copa e, posteriormente à Olimpíada: o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS) elaborou uma política de criação de equipamentos públicos cujo alvo seria os moradores de rua. Esses equipamentos são denominados Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua e prezam, ao menos no papel, a construção de vínculos interpessoais ou familiares que oportunizem a construção de novos projetos de vida. Agora a denúncia: o que ocorreu e está ocorrendo, no entanto, é uma “familiarização higienista” que perpetua um esvaziamento do centro. Ora, mas por quê raios afastá-los do centro das cidades? Ou melhor, para quê?

Pois bem, o que acontece é o seguinte: uma equipe de profissionais, contando com psicólogos e assistentes sociais, além de técnicos de formação completa no ensino médio, realizam intervenções cujo alvo seja o retorno dos moradores de rua para o bairro onde seus familiares residem. Ora, que não venham me dizer que suas intenções são as melhores: o que acontece tem uma justificativa muito clara, e essa justificativa chama-se Copa do Mundo, chama-se festa.

Nosso jeito tem um preço, e um preço muito caro para ser pago.

No caminho certo

11 de julho de 2012
Ronaldinho com a camisa do Galo

O Atlético Mineiro está na liderança do brasileirão depois da rodada do fim de semana. Um grande feito para um time que durante os últimos dois anos montou equipes caras e apenas brigou para não ser rebaixado.

Não que o Galo deste ano seja um time modesto. A diretoria novamente colocou a mão no bolso e trouxe jogadores caros e de peso. A diferença agora está no comando técnico, que foi mantido desde o segundo semestre do ano passado, e como foi gasto o dinheiro para as contratações.

A contratação de maior destaque com certeza foi a de Ronaldinho Gaúcho, estampada em jornais e portais de noticias do mundo todo, dando uma visibilidade nunca vista para o time mineiro. Contratou também Jô, Rafael Marques, Leandro Donizete, Júnior e por último Victor, goleiro de Seleção para a meta alvinegra, para posições carentes no clube.

Mas times no papel não ganham titulo, e ai que está a diferença para de 2012. Cuca vem dando padrão de jogo para a equipe e mostrando novamente que é um bom técnico, mas  azarado. 

O clube mineiro vem jogando bem, com toques precisos e sem muitos erros de passe, mas vem dando muito espaço para os adversários nos contra-ataques, algo que o técnico já deve ter percebido e irá corrigir.

Se continuar nessa toada e corrigir os pequenos erros, o alvinegro mineiro tem tudo para brigar até o fim entre os primeiros lugares, ainda é cedo para garantir isso, e não podemos confiar de todo devido  os últimos anos (lembre 2009), mas o time está no caminho certo.

E se o titulo não vir esse ano, a torcida deve ficar feliz do mesmo jeito, pois o Clube Atlético Mineiro está voltando a ter sua grandeza de volta.